domingo, 9 de maio de 2010

Memoriale - Nuvem

A estrada de terra, que me levava a lugar algum acabara de terminar. Sem sentido, sem direção, o único passo era para cima. Fechei os olhos e começei a subir meus degraus suaves, macios e invisíveis. Aos poucos fui tomando confiança o suficiente pra abrir os olhos. Ah que vista! O chão vermelho lá embaixo, e ao longe apenas uma única árvore já sem folhas; pra cima, uma nuvem...um castelo, um paraíso pessoal. Não sei ao certo como explicar, continuei subindo as escadas da minha imaginação até tocar a macia, fria e úmida nuvem. Me apoiei nas bordas da nuvem e com impulso, subi nela.

Com o leve toque das minhas mãos sob as paredes brancas de algodão, criava formas perfeitas de algo irreal. Meus passos levantavam uma poeira branca e fina e a sensação úmida da água à minha volta fazia entregar-me àquele momento.

Continuei me adentrando pela nuvem, como se esta tivesse vários ambientes, e era exatamente assim que parecia ser...Os raios de sol que entrava pelas brechas de ar refletiam por todos os cantos formando uma sala paraíso de arco-iris. Mais a frente, uma sala sóbria, iluminada porém escura...clarões e riscos irregulares passavam próximos a mim, depois, um barulho ensurdecedor.
Por fim, cheguei à outra extremidade da nuvem...banhado por um brilho laranja, daquela nuvem, via o pôr-do-sol.
Disposto a ficar alí por toda a eternidade, uma forte ventania desfez o meu castelo, o meu espaço. Me jogando de volta à realidade da terra seca e vermelha. Fechei os olhos para garantir que estava realmente de volta ao abandono. Meus lábios eram tocados por outros...não, havia alguém comigo. Uma luz, abri os olhos, sem ver quem me beijava, apenas uma luz.

Em seguida, essa luz penetrou meu corpo, imobilizando cada nervo e relaxando meus músculos. Depois do clarão...a terra vermelha ganhara vida, campo verde. A árvore seca, já cheias de flores em verde vivo. E acima, uma única nuvem, que esvasiava suas vontades chorando para a terra.

Chuva...chove...por que chove?

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