domingo, 14 de junho de 2009

Experiência

Assim que aquele sonho estranho acabou, não sabia realmente, se, estava acordando em outro sonho, ou se estava acordando realmente. Várias memórias passaram pela minha cabeça. Do tempo em que o mundo mágico realmente existia...do tempo em que os sonhos poderiam se tornar realidades, e que, bruxas realmente existiam...do tempo que os mocinhos derrotavam os vilões.

Era a infância...ah, a mágica infância! Lembro-me como ninguém das aventuras com meus amigos à procura de tesouros pelos sete mares...dentro de uma caixa de papelão no meio da calçada de casa. Ou então de nossas brincadeiras de pega-esconde...

Agora, estava só, novamente, em meu pequeno quarto retangular, pensando...talvez deduzindo o motivo real da existência de cada partícula que me rodeia...não, isso seria complexo de mais para um garoto de 15 anos pensar...Talvez apenas estivesse pensando nas simples coisas da vida...A brisa veraneia tocando meu rosto enquanto estava deitado em minha velha cama ao lado da janela, lá estava, novamente, preso aos meus pensamentos, imóvel, desta vez, como uma estátua de mármore...meus músculos estavam rígidos e eu sentia um leve formigamento por todo o meu corpo.

Então senti um calor aconchegante...senti meu rosto queimar e, sabia com certeza absoluta que minhas orelhas provavelmente estariam num tom vermelho vivo.

Quando abri os olhos, estava deitado, mas não em minha cama; era um quarto amplo, o papel de parede listrado em branco e salmão fez minha vista embaçar um pouco, a cama de casal ao centro do quarto estava decorada com um edredom vermelho e o perfume que sentia era de algum tipo de fragrância francesa amadeirada. Eu não estava sozinho. Havia alguém ao meu lado...entretanto, seu rosto era borrado...esfreguei meus olhos várias vezes tentando tirar a vista embaçada...mas parecia que não conseguia ver a pessoa que me afagava e me abraçava, apesar de todo o resto do ambiente ser claramente visível aos meus confusos olhos.

Me entreguei aos carinhos daquela pessoa desconhecida, desejando que o tempo parasse...que a eternidade fosse apenas minha, e daquela pessoa...suas palavras eram doces e ternas...tentei retribuí-las...mas por algum motivo, as palavras que saiam da minha boca eram incompreensíveis, até para mim mesmo...

Então calei-me. Pousei minha mão sobre seu peito e pude ouvir um pulsar vivo...sorri...senti o calor de seu rosto enquanto nossos lábios se tocavam.

“Por que toda essa vergonha, ein?” eu pensava comigo mesmo, “Isso é só um sonho, lembra?” repetia em minha mente, sentindo meu rosto arder cada vez mais. Ainda de olhos fechados, senti gradativamente o perfume francês se distanciar...percebi que aquela porta, aquele sonho já se acabara...a aventura de finalmente ser adolescente...eis o que acabara de recordar...embora minha adolescência no mundo real não tenha sido nada comparada àquele clima...ou será que a minha vivência no mundo real foi um sonho?’

Um comentário:

  1. Como diria um velho conhecido: "Tô passada!" - hahahaha Não sabia que meu Flávinho escrevia tão bem. Adorei o texto, e o sonho (se este for real!) O Blog tá lindo.. ou terminar de lê-lo! rs Beiiijo! (Fran!)

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