Meu ritual de sonhar ainda estava abalado...não sabia exatamente o motivo, mas aquela quebra da rotina me deixava intrigado...me perguntava, "será que é a hora de viver...de sair do casulo, como saem as libélulas?"
Agora, mais do que antes, ficava horas mergulhado dentro de livros e mais livros, dos temas mais variados, desde poesia Shakesperiana até metafísica e física-quântica. Procurava anciosamente por respostas, como procuram refúgio as lagartas se metamorfoseando à borboletas.
Já atrasado para a próxima aula, corri para a sala sem sequer tirar o livro do rosto...em consequência, tropecei várias vezes até esbarrar nele...
-Sinto muito -pedi, cabisbaixo. Não houve resposta...ele passou sério por mim, deixando apenas um rastro de seu perfume misturado ao suor rotineiro...um cheiro que me deixava tonto...Me equilibrei um pouco, agora com o livro fechado, e a pagina marcada, e segui para o resto do dia.
Percorri textos e livros em busca dos fatos atuais...se tudo era realmente real...por fim, me deparei com um verso, que, para a minha tristeza, estava sem autoria...e assim dizia:
"...Não há, nem há de haver
sentimento tão e quão belo
quanto o de amar.
O dom de amar cria,
nos faz sonhar.
No ápice da vida,
jaz apenas o arrependimento,
por não ter vivido o quão se fosse possível,
e nem por amar infinamente o quão era necessário.
Agora,
nas linhas que se perdem,
na gota de tinta que há de secar,
o sentimento que não foi vivido,
o sonho não há de haver."
Nesse momento, claramente, eu entendi...entendi que não teria mais portas de sonhos, que não teria mais sensações, se não os transportasse para a realidade. Essa, era por fim, a hora de sair do casulo...de completar a metamorfose.
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