Aquele homem, bem vestido, com um longo sobretudo preto e um chapéu escuro, sentado ali à mesa. Prova um pouco de seu café, e logo começa a ler um grosso livro de capa vermelha e titulo em letras douradas, centralizada ao centro da capa.
Ele, sem qualquer instrução, continua lendo, e gentilmente sorri à Lua, como se ambos já se conhecessem desde seu momento de nascimento e até antes.
Sua leitura o leva para um campo iluminado, cheio de pessoas felizes, vestidas em branco. Todas as pessoas estavam realmente felizes...um lugar sem religiões, um lugar, onde o homem encapuzado encontrara sua semelhança...
Sobre a sua mesa, uma toalha rendada artesanalmente o fizera pensar o quanto aquele pedaço de tecido teria "vivenciado"...suas manchas, sobrepondo umas sobre as outras, como se quase nunca aquela toalhinha tivesse sido lavada, ou se tivesse, esta seria lavada delicadamente às margens de um rio, por senhoras que se reunem semanalmente e limpam as roupas cantarolando canções alegres enquanto conversam sobre a vida.
"Bondade, melhor que perfeição", o homem não consegue entender porque não se encaixa naquele mundo onde as pessoas mais famosas são aquelas que, foram taxadas como perfeitas. O homem, apenas não entende porque as pessoas famosas não são aquelas que a bondade fazem, sem que estas pensem sequer em receber qualquer recompensa...mas que muitas vezes, terminam em vielas, lugar onde nossa personagem se encontra exatamente agora.
O ar nas ruas molhadas pela chuva era tenso. Os postes de luz da rua davam à cena noturna, o brilho que refletia das gotículas de água que brilhavam no chão, fazendo a cena em tons de cinza. Tão triste quanto era a vida daquele homem. Ao final da rua avistou um garoto chorando...se aproximou e apenas disse:
-Sua mãe está no café no final da rua, vá até ela e simplesmente diga que a ama muito. Mas não chore, garoto...a rua pode ser escura, mas a coragem que carrega em teu peito é maior que qualquer problema que venha a enfrentar
O garoto ainda soluçando muito, saiu...Lágrimas cairam do rosto já enrugado do homem...Agora ele se dirigia à sua livraria favorita. Nunca comprara sequer um livro...O livro de suas mãos era feito desta forma... cada livro o fazia pensar mais em sua vida...mas não o livro todo, apenas páginas...capítulos...ele arrancava dezenas de páginas de diversos livros e inseria cada página em seu livro vermelho de letras douradas. Era um mix de histórias que resumiam sua vida...
Agora sentado à mesa, próximo a uma janela, sem que ninguém lhe dê qualquer instrução, retoma seu triste monólogo. A cada segundo, ele se vê mais próximo às pessoas felizes...para um lugar sem religiões, onde finalmente, encontraria sua semelhança.
Então, novamente, com sua xícara de café, gentilmente sorri à Lua, como se ambos já se conhecessem desde seu momento de nascimento e até antes.
Texto baseado na incrível música Man of a Thousand Faces - Regina Spektor
Assimilando os novos conhecimentos
Há 9 anos
Que lindo filho. Adorei esse post.
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